A umidade de grãos é um dos principais fatores para determinar a qualidade do produto. Entender isso é essencial para manter os grãos saudáveis e conservados durante a armazenagem. Afinal, diversos produtores rurais acabam com prejuízos na comercialização de grãos por não se atentarem a esse detalhe.
Por isso, neste artigo, você vai entender de forma detalhada o que são grãos e como a umidade deles afeta o processo de armazenagem. Também vamos te mostrar algumas dicas para manter a umidade de grãos ideal, evitando prejuízos.
O que são os grãos?
Os grãos são seres vivos, porosos e que possuem água em sua constituição, dependendo dela para viver. Ou seja, a umidade de grãos é essencial para que eles sobrevivam e se mantenham saudáveis. Mas, se o teor de umidade for acima do adequado, os grãos podem apresentar problemas, como a proliferação de pragas agrícolas e até a sua deterioração.
Basicamente, os grãos são os resultados finais da colheita. Por isso, são utilizados diretamente na alimentação. O feijão, por exemplo, é um grão colhido da semente do seu próprio plantio.
Vendidos como alimentos pela indústria, ou consumidos diretamente por humanos e animais, os grãos oferecem diversos benefícios à saúde. Eles são fonte de proteínas vegetais e também são ricos em nutrientes, como cálcio, cromo e magnésio.
Qual é a diferença entre grãos, cereais e sementes?
Agora, você já entende o que são grãos. Mas, não é incomum confundi-los com cereais ou sementes. Entenda melhor as diferenças entre esses termos:
Como explicado anteriormente, os grãos são usados diretamente como alimentos. Em contrapartida, as sementes estão destinadas à germinação, ou seja, a produzir novas plantas. Isso acontece porque elas são o óvulo maduro e fecundado das plantas. Em resumo, elas são a matéria-prima da produção agrícola. Por isso, uma boa semente garante uma germinação rápida, uniforme e gera plantas vigorosas.
Ainda, existem os cereais, que são um tipo específico de planta. Dessa forma, o termo se refere à planta como um todo, enquanto o grão é apenas a semente que os cereais produzem.
Então, apesar de parecer confuso, é bem simples de entender: a semente se refere ao período antes da plantação. Já o grão, é o termo utilizado na pós-colheita. Ou seja, ele é a semente depois de ter sido germinada e colhida. Por fim, temos os cereais, que são um tipo de planta específica.
Propriedades físicas dos grãos
Entender as propriedades físicas dos grãos é fundamental para a construção e operação de equipamentos de secagem e armazenagem. O mesmo vale para a adaptação de equipamentos já existentes, que podem ser modificados para otimizar diversos processos.
A seguir, você vai entender o que é o “ângulo de repouso”. Conhecer o valor desse ângulo é muito importante para planejar e executar estratégias durante o processo de armazenagem de grãos.
Ângulo de repouso
O ângulo de repouso é o valor máximo em graus formado entre os grãos e o plano horizontal. Conhecer esse número é fundamental para determinar a capacidade estática dos silos, realizar o dimensionamento de dutos e rampas para descarregar os grãos, fazer cálculos de transportadores, etc.
É importante lembrar que essa angulação varia de acordo com a umidade de grãos. Desse modo, grãos mais úmidos possuem um ângulo maior. Assim como grãos mais secos apresentam um ângulo de repouso menor. O formato de cada tipo de grão também interfere nesse valor. Portanto, é provável que grãos de arroz e de soja, mesmo que depositados em mesma quantidade, tenham ângulos de repouso diferentes.
É possível calcular esse ângulo por meio de experimentos simples. Um dos métodos possíveis é realizado através da descarga de grãos pelas paredes de um cilindro. Para realizar esse experimento, é necessário depositar a massa graneleira em uma moega cilíndrica que possua um disco e um eixo central.
Ao depositar os grãos, é natural que eles caiam, escorrendo pelas paredes vazadas. Assim, irá restar apenas uma parte dos grãos sobre o disco central. Em seguida, basta medir a altura do eixo central que não ficou encoberta pelos grãos. A diferença entre a altura total do eixo central e a altura que não foi encoberta equivale à altura dos grãos retidos.
Agora, só falta realizar o cálculo por meio da fórmula matemática do ângulo de repouso, em que: ângulo de repouso = arco tangente x (2h/d). Onde, “d” é o diâmetro do disco central e “h” é a altura dos grãos retidos. Para entender melhor como esse experimento funciona, assista este vídeo.
Como a estrutura e umidade de grãos interferem no processo de armazenagem?
A condensação, popularmente conhecido como “suadeira” ou “chuva nos silos”, causa diversos problemas durante a armazenagem de grãos. Isso se dá por meio do calor transmitido pelo Sol, capaz de formar “bolsas de calor” nos silos. Esse calor, ao entrar em contato com a massa graneleira, promove a secagem. Ou seja, a retirada de umidade de grãos.
Durante o período noturno, o ar quente entra em contato com as paredes frias dos armazéns e causa o gotejamento. Isso acaba gerando um aumento da umidade de grãos, que pode ultrapassar os limites adequados. É a partir disso que surgem problemas como a proliferação de pragas e a deterioração de grãos.
Portanto, é muito importante conhecer os tipos de umidade de grãos. Dessa forma, é possível realizar os procedimentos corretos de secagem e armazenamento, evitando diversos prejuízos. A seguir, conheça os três tipos de umidade de grãos:
Umidade superficial
Localizada na periferia externa do grão, a umidade superficial é encontrada em estado líquido. Essa umidade de grãos pode ser removida de forma simples e rápida, com qualquer tipo de ventilação.
Aliás, até mesmo grãos com umidade superficial elevada, ainda na lavoura, podem reduzir esse teor em poucos dias de sol e vento. Na secagem artificial, a retirada de umidade também é simples e, geralmente, tende a ser rápida e econômica.
Umidade intersticial
A umidade intersticial se encontra livre no interior dos grãos, preenchendo os espaços chamados de intersticiais. Como existem poros entre as células da massa e na superfície dos grãos, a remoção da umidade de grãos é relativamente fácil.
Além disso, com o aquecimento dos grãos e da água contida neles, ocorre uma variação da pressão osmótica. Desse modo, a umidade aquecida sofre com o aumento de pressão e, consequentemente, migra de dentro para fora.
Após essa retirada da água, os canais intersticiais se fecham, diminuindo o volume dos grãos. Por isso, é muito difícil umedecer os grãos novamente. Inclusive, segundo especialistas, é oito vezes mais difícil umedecer os grãos do que os secar.
Umidade de constituição
Esta umidade está presente nas células, e está quimicamente ligada aos componentes dos grãos, como proteínas, vitaminas, carboidratos, enzimas e gorduras. Por isso, o processo de secagem não remove a umidade de constituição. Aliás, ela é essencial para a sobrevivência dos grãos.
Estima-se que a umidade de constituição corresponda a 8% de toda a água presente no grão. A partir disso, suponha que, após o processo de secagem, um aparelho medidor de umidade acusou um teor de 22%. Os medidores não indicam qual é o tipo de umidade apontado. Porém, basta fazer os cálculos para perceber que, nesse exemplo, os 14% restantes estariam divididos entre umidade superficial e intersticial.
Como a umidade de grãos afeta a comercialização?
A umidade de grãos é a relação percentual entre a quantidade de água e a massa total da amostra. Esse valor é analisado pelos compradores, e o excesso de umidade pode causar prejuízos na comercialização. Ou seja, se os grãos estiverem muito úmidos, os compradores consideram que estão pagando não só pelo produto, mas pelo excesso de água que não será aproveitado.
O processo de medição do teor de umidade de grãos é simples e ágil. Segundo Marcelo Alvares, presidente da Associação Brasileira de Pós Colheita e pesquisador da Embrapa, os medidores de umidade são usados no controle da secagem, da armazenagem e em transações comerciais de grãos.
Além disso, os aparelhos de medição podem ser de dois tipos: os de bancada e os portáteis. Apesar de mais precisos, os medidores de bancada costumam ser caros. Portanto, diversos produtores rurais optam pelo medidor portátil, que além de mais barato é extremamente prático.
É importante lembrar que desde 2016 os medidores de umidade de grãos devem ser certificados pelo Inmetro. O objetivo dessa regulamentação é garantir medições precisas e seguras, protegendo a atividade comercial e evitando prejuízos econômicos ao país.
Como manter a umidade de grãos ideal durante a armazenagem?
O sistema de exaustão em silos é uma forma extremamente eficaz de acabar com a condensação e, desse modo, impedir o excesso de umidade. Afinal, a “bolsa de calor” que fica entre o telhado dos silos e a massa graneleira é a responsável pelo alto teor de umidade de grãos. Felizmente, os exaustores são capazes de remover esse “bolsão de calor”, solucionando o problema.
Além disso, é importante lembrar que a exaustão é necessária mesmo em silos que já possuem aeradores. Diversos produtores rurais acreditam que a aeração soluciona definitivamente os problemas relacionados à umidade de grãos. Porém, a velocidade de remoção de temperatura é mais rápida do que a de umidade. Ou seja, mesmo que a aeração retire o calor dos silos, após desligar a turbina, a umidade permanece.
É por isso que, sem a exaustão, as camadas superiores dos grãos acabam deterioradas e mofadas. Isso ocorre porque a umidade fica “presa” na unidade armazenadora. Enquanto isso, as camadas inferiores apresentam baixa umidade e, consequentemente, baixo teor proteico e energético.
Conclusão
Os grãos necessitam de um determinado teor de umidade para sobreviverem de forma saudável. No entanto, é importante estar atento(a) a esse valor, já que grãos muito úmidos podem sofrer com mofo, deterioração, etc. Por isso, é fundamental investir em uma solução eficaz e permanente para esse problema: o sistema de exaustão.
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